quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

À margem Um conto 'parte 1'

  


     Estava sentado à beira de um rio, próximo à uma zona de meretrício, de um lado o chacoalhar leve das águas, em contraste com a balbúrdia que se contrapunha em outra parte.
    Com as águas corriam meus pensamentos, os sonhos acompanhados de profundo sentimento, e vinham as lágrimas para compor conjunto de elementos que vazavam e escorriam de minha alma, perturbada que buscava nas águas mansas e escorregadias, desesperadas gotas de consolo e alento.
    Estava acabrunhado, via me encolhido diante de mim, estaria enlouquecendo ou ainda não sabia que já estava enlouquecido, querer fulminar alguém que já me havia fulminado, era apenas a troca justa de uma ofensa que me estraçalhou por inteiro, não sou mais eu, não sei quem sou, quero apenas saciar minha sede, aplacar aquele sentimento que me secava a garganta e a boca, me acelerava o peito; a afronta que gritava em mim a furar-me os tímpanos.
    Aquele leito de águas mansas era, durante todos os vários dias e muitas horas que passei ali, premeditando minha vingança, a testemunha do crime bárbaro que finalmente, como quem toma um copo de água gelada em tempo quente, com esse mesmo prazer, saciei minha Sede de vingança.
    Era ela em tempo não muito distante, ainda minha amada, com ela e por ela fui do limite do prazer ao extremo da dor ao exercício da brutalidade e selvageria, a tive em meus braços, me jurando amor eterno, para vê-la tempos depois no regaço de outros homens no deleite de prazeres profanos.
    O tempo preciso para que eu me entregasse com tamanho desequilíbrio e me embriagasse perdidamente nesse sentimento que insanamente denominei amor, somava três curtos meses que se transformou em um arrastado e intenso martírio.       Ouvir que ela não me queria mais, já era dor demais para eu suportar, me sentia totalmente arremessado a um canto como uma bola murcha, o sentimento corrosivo de humilhação me feria e sangrava e diante de tentativas frustradas de tentar reverter aquele caso perdido, cada não que recebia era como um punhal fincado em alguma parte vital do meu ser, pois já nem sabia mais onde doía, e me tornei obcecado, já não trabalhava, não comia, vivia a espera-la .
    Então resolvi segui-la, e fiquei paralisado ao entender o que havia acontecido, então era isso!
    Aquela casa! Muitos homens e muitas mulheres, grande movimento entrada e saída, ambiente frenético de libidinagem grosseira, desenfreada, então era assim que ela se entregava aos homens, por dinheiro?
    Não sei de quanto tempo precisei para voltar ao raciocínio, a partir de então sentia que as trevas se tornava o meu lar de cada dia, todos os dias a uma certa distancia acompanhava seus passos e deixava crescer o terror dentro de mim, e enquanto ela se entregava à lascívia profana , ao abuso de sua beleza e sensualidade, eu gotejava a minha dor à margem daquele que silencioso testemunhava tudo ...

CONTINUA...
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